quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

OPINIÃO...


POR  LUIZ OTÁVIO CAVALCANTI.
VENCIDO E VENCEDOR
A Igreja Católica Apostólica Romana baseia sua ação na hierarquia, na disciplina e na obediência. Essa estrutura vertical, com raízes medievais, projeta-se no terceiro milênio.
É uma organização, hoje, administrada por anciãos. Seus principais decisores estão acima dos 70 anos. E esta é sua tragédia. Por que ?
Porque o mundo sofreu, nos recentes cinquenta anos, profundas transformações. Na sociedade secularizada, na cultura da imagem e na economia globalizada. E há um desacerto entre o mundo secular e a Instituição religiosa.
Esse desajuste acentuou-se em crise por duas razões principais: a desunião interna na Cúria romana e a questão moral de religiosos. O papado de Bento XVI seguiu basicamente a linha de João Paulo II. Com um déficit: falta de carisma do atual Papa.
A luta pelo poder acende fogueiras de vaidades no Vaticano. Lá, Bento XVI, um intelectual, foi um pastor cercado de lobos. Ele não conseguiu dominar o sistema que ele próprio dirige. O que significa a renúncia de Bento XVI ?
Um gesto de desespero final. Capaz de ensejar a possibilidade de uma mudança que ele não foi capaz de produzir. Um tiro no peito. Vencido, ele pretende se tornar vencedor.
E como fica o futuro ? O futuro da religião católica romana não está na Europa. É certo que lá está a maioria dos eleitores do novo Papa. Também é certo que estes são os mais influentes na política vaticana. Apesar disso, o futuro está nas igrejas americanas, africana e asiática. Onde se situa a percepção mais fina de carências e de reformas. O encontro mais profícuo entre o secular e o eterno.

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