domingo, 23 de agosto de 2015

A POESIA DE CACASO...




HAPPY END

O meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente


ESTILOS TROCADOS
Meu futuro amor passeia — literalmente — nos
píncaros daquela nuvem.
Mas na hora de levar o tombo adivinha quem cai


PASSEIO NO BOSQUE

o canivete na mão não deixa
marcas no tronco da goiabeira
cicatrizes não se transferem
LAR DOCE LAR
Minha pátria é minha infância:
por isso vivo no exílio
PRETO NO BRANCO
De colorida já basta
a vida



FATALIDADE

A mulher madura viceja
nos seios de treze anos de certa menina morena.
Amantes fidelíssimos se matarão em duelo
crepúsculos desfilarão em posição de sentido
o sol será destronado e durante séculos violas plangentes
farão assembléias de emergência.
Tudo isso já vejo nuns seios arrebitados
de primeira comunhão.


Antônio Carlos de Brito, Cacaso nasceu em Uberaba (MG) em 13 de março de 1944 e morreu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1987. Foi professor universitário, letrista e poeta.
Depois de viver no interior de São Paulo, mudou-se aos onze anos para o Rio, onde estudou Filosofia. Nas décadas de 1960 e 1970, lecionou Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na PUC-RJ.
Foi colaborador regular de revistas e jornais, como Opinião e Movimento, tendo, entre outros assuntos, defendido e teorizado acerca do cenário poético de seus contemporâneos, a geração mimeógrafo, criadores da dita poesia marginal. Seus artigos estão reunidos em Não quero prosa, publicado em 1997.
Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. (Fonte: letras .com.br)

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