segunda-feira, 31 de agosto de 2015

PARA A HISTÓRIA DO RN...POR DR.CYRO TAVARES

             Este texto é, sem a menor dúvida, o que de melhor se escreveu sobre meu pai. É o discurso do Dr. Onofre Lopes ao recepcioná-lo na Academia Norte Rio Grandense de \letras.


VELHO TAVARES

Onofre Lopes.


           Faz já algum tempo... as cenas me chegam à memória apenas em retalhos, resto de passado que faz história. Sei que, como adolescente ambicioso, fiquei cheio de inveja: Viram? Hoje houve um exame de francês que assombrou! É só no que se fala!... Foi um estudante, José Tavares, que fez exame todo tempo falando em francês! Cabra danado de inteligente!...Formidável, todo o exame em francês!
Não andava eu ainda fazendo preparatórios. Nunca havia entrado no Ateneu. Chegara recentemente do interior. Estava ainda bem brabo. Mas,gravei o interessante comentário e recolhi o nome de José Tavares, como se faz com as moedas de valor. Foi no tempo em que, menino empregado no comércio, primeiro na Casa de Ferragem de Francisco R. Viana, na Rua Dr. Barata, e, depois, no Armazém de Estivas de M. Rocha, na Rua Chile eu procurava caminho na nebulosa, e, nos tropeços, meio ambição, meio confiança, todo esperança, vagueava pelas salas de aula noturna do Dr. João Batista, do Mestre Ivo Filho, do Prof. João Tibúrcio depois, bem mais tarde, nas bancas de exame do Ateneu. Ouvia falar das vitórias dos que estudavam, dos anéis vistosos de quem se formava, da importância social, da elegância no vestir daqueles que vinham das Faculdades. Era, também, o tempo em que outros estímulos me excitavam: pessoas humildes, puras, boas, habituais das “vendas” dos meus irmãos João e Pedro Lopes, onde eu vivia e sonhava, contavam com exagero os milagres da inteligência de Rui Barbosa, recitavam Fagundes Varela, Olavo Bilac, Álvares de Azevedo, Castro Alves.
E, para maior motivação, via o jovem Bacharel kerginaldo Cavalcanti, inteligente, bem trajado, de passos largos e resolutos, espargindo vitórias, fazendo discursos floridos de estrelas...
Não ouvia mais falar em José Tavares. Estava longe, cursando a Faculdade de medicina do Rio de Janeiro. Reapareceu em meados de 1927, agora médico. Médico sem aquela velha austeridade. Era magro, de algum, bigode, calças largas, folgazão, comunicativo e humano. Chegou de bisturi na mão sabendo falar melhor o Francês e, já agora, também o Alemão e o Espanhol. Em Natal, não se fazia ainda cirurgia, como especialidade exclusiva. Somente o saudoso Januário Cicco, sempre capaz, hábil e culto, operava excepcionalmente os casos de urgência e os acessíveis à sua técnica.
José Tavares e Luís Antônio, formados juntos, amigos inseparáveis, o cirurgião moderno e o clínico geral seguro da medicina do tempo. Duas inteligências agudas na cidade provinciana e bucólica. Cidade de pouco ruído, de pouca gente, de ruas arenosas, de pregões de tabuleiro na cabeça.mas, nela também existiam as adormecidas canções e alma que Goethe via em todas as coisas. De pouca eletricidade, mas de céus iluminados e escampos, podia-se escutar o silêncio e ouvir estrelas, na rimas dos poetas e na plangência das doces serenatas. Tudo na cidade era pequeno, ou era pouco. De médicos, além de Januário Cicco e Varela Santiago, como figuras centrais, havia Otávio Varela, Ernesto Fonseca e, mais tarde, Aderbal de Figueiredo, todos do melhor conceito e respeitabilidade.
José Tavares e Luís Antônio chegaram plenos de novas energia. Fizeram uma revolução. Revolução na Medicina. Revolução no antigo hospital Juvino Barreto. Solteiros, fizeram também revolução no belo sexo. Alegres e traquinas eram os donos de tudo e de todas... Quem sabe se, por aí, ainda não há restos de ilusões que pedaços de alma recordam com ternura? Dois grandes profissionais vivendo a técnica e o progresso da Medicina contemporânea, sempre com grandeza d’alma, sempre sarcedotais. Em 1933, quando chegava do Rio de janeiro, também formado em Medicina, é que vim conhecer José Tavares, é que retomei a moeda guardada. Senti que devia tratá-lo de doutor. Era um grande nome e eu mais jovem. Mas, a sua simplicidade, a sua jovialidade e o coleguismo franco e largo eram tais que a intimidade veio depressa e espontânea. Passei a chamá-lo de Tavares. Hoje, chamo-o de velho Tavares, modo que uso para dizer querido e velho amigo. Amigo de todas as horas. Sempre solícito e leal desprendido e bom. Na minha condição de aprendiz de cirurgia, nunca me faltou a sua palavra de encorajamento, nunca me faltaram os seus ensinamentos, nunca me faltou sua orientação sensata e segura na conduta operatória. Eu dizia que ele era o meu Lejars, pelo estímulo que sabia dar, por sua presença constante e incansável em apoio das intranquilas sessões cirúrgicas, como fazia esse incomparável autor de A Cirurgia de Urgência.
As credencias da velha estima, a fraternal intimidade, o conhecimento do homem no seu valor humano e na sua intensidade de espírito são a chave que esta Academia depôs em minhas mãos para abrir as suas portas na saudação da imortalidade e que hoje se investe o cirurgião, o professor universitário José Tava\res da silva, o meu velho Tavares. Mas será que o José Tavares é um literato? Escreveu livros, fez crítica, ensaios e romances? Onde estão as suas obras? Respondemos: Sim! José Tavares é homem de letras! A sua obra está esculpida em 40 anos de arte. Está gravada nas salas de cirurgia, nas enfermarias, nos lares, no coração e na memória da cidade. Está na ajuda que deu aos colegas, está no ensino que ministrou aos seus alunos, está no exemplo de dignidade profissional, na austeridade e na beleza do gesto que faz da Medicina arte divina. Em tudo se vê uma poesia, um ritmo, uma eloquência. E a sua cultura humanística e a atualidade dos seus conhecimentos científicos? Não é ele um mestre da técnica cirúrgica, no manejo dos métodos terapêuticos e das sutilezas dos movimentos hidrossalinos? Não é ele o conhecedor dos grandes centros cirúrgicos da América e do Velho mundo? Não é ele um cultor da língua que define a nossa raça e fixa as nossas tradições? Não é ele que, sem preocupações literárias, sabe dar beleza e dignidade à linguagem, por seu estilo, fidelidade e clareza? Na época em que vivemos, no império dos números, da massa, da força, da máquina, quando as artes enlouqueceram e o Parnaso morreu, aquele que disciplina emoções e preserva firmeza espiritual é um esteta.nos seus escritos, nos seus discursos, não há parábolas nem alegorias; não há requintes nem retórica; não há vaidades nem esnobismos. Há o exato, o necessário para exprimir a verdade do seu pensamento. Na sintática ou na linguagem; n produção literária e nos voos da imaginação, talvez não seja um estilista; mas a conduta do pensamento, a singeleza da forma, o zelo gramatical levam o médico, o cirurgião, o professor catedrático, o homem de cultura às raias de outra missão: um servidor das letras. Os valores humanos se medem pela soma de todas as ações que imprimem no tempo o esforço criador da espécie. As letras são um instrumento a mais da ação do pensamento. Nem sempre a obra da arte da literatura é um livro. Revela-se, também, na coisa criada, pela sua profundidade e conteúdo. Imortalizamos o espírito criador. Fixemos na história a perfeição das coisas que inspiram a beleza da vida. Um bisturi tem também a sua linguagem nobre. Tem arte e ciência, tem sensibilidade e emoção. Faz as mais belas preces e suporta os maiores sacrifícios para acalmar os ventos das ruidosas tempestades da vida.
A Tavares nunca se lhe escasseou a emoção poética, a inspiração artística ou a eloquência para o bem. Não escreveu livros, mas espalhou cultura. As vitrines não ostentam volumes seus, mas uma cidade inteira aplaude sua figura humana frente ao templo da imortalidade. O marechal de Saxe e o Duque de Richelieu, os médicos Francisco de Castro e Miguel Couto, na Academia Francesa e na Academia Brasileia, não eram profissionais das letras, mas se imortalizaram na memória do tempo que Molière, Descartes Pascal, Diderot, Balzac não pertenceram às Academias. Nem se tem a esperança de ver repetida a fase áurea da geração de Olavo Bilac, Paula Nei, Arthur de Azevedo, Sílvio Romero, Machado de Assis, Coelho Neto, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio. Muito menos a ressurreição da livraria Francisco Alves, da Garnier, da Lapa, da Rua do ouvidor, da Gazeta de Notícias, do jornal do Brasil, das polêmicas e das boêmias. Estamos em face de uma tumultuosa revolução da vida literária, de uma depressão o sentimento literário, como atividade exclusiva. Aqui e em toda parte. Vemos ruínas d velhos tesouros, e ao mesmo tempo experimentamos o sortilégio de um espírito novo, na vertigem dos espaços, desligados do passado e da história. A literatura e as artes, como ornamentos das ideias estão de nova roupagem. Mas, estilo, beleza, fidelidade definem o espírito, o caráter, a origem e o gênio da raça, na marcha do tempo. É preciso manter e avivar a chama do bom gosto, como instrumento de afirmação de um povo. O homem de letras é o guardião, aquele que esculpe e perpetua a vida na sua beleza, na sua eternidade.
Tavares, velho Tavares: A Academia o elegeu. Reconheceu que você fez obra imorredoura e realizou o ideal de cultura do seu tempo. Você fez outra obra literária. Esta é uma festa do espírito. É um reconhecimento. É uma justiça. É um aplauso. Estamos, por isso, de coração aberto, assim alegres e fraternos. Receba desta Casa, que bem soube alargar as portas para recebê-lo. Os que aqui chegam pelo que fizerem, poderão dizer, como Horácio, que não morrerão de todo. Venha, pois, para a imortalidade.

domingo, 30 de agosto de 2015

UM BOM CONSELHO...




'Conselhos de um velho apaixonado'.


               "Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
               Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
             Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
             Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR.
             Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
              Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
               Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado…
               Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados…
               Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite…
              Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado… Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela…
               Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua ida.
               Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
               Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.
               Por isso, preste atenção nos sinais.
               Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!
              Ame muito…..muitíssimo…"
- Carlos Drummond de Andrade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A CRÔNICA DA ALMA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL



          Eu sou um personagem que eu criei....
          Eu só, era muito pouco...
          Excede em mim a elasticidade, a largura,a introspecção,a vida interior...

          UM homem infinito, filho da criança eterna, pai da esperança...esperança  que é fundamentada na FÉ...

          Vontade  de ser um rio cheio...de transbordar, de vazar pelas beiras,abraçar o mundo com o meu pensamento...

          TENHO  a GULA da vida... a gula de viver....Tenho  a gula dos sonhos...sou múltiplo, plural, multifacético...

          Singular em  mim somente a certeza de que sou comum...igual...a minha a solidão prazerosa, útil, produtiva, dos Hobbes, da contemplação, da poesia, dos acordes,da harmonia da alma que solfeja, cantando esperanças de uma grande estação de amor....

          Me bastava ter sido apenas  a centésima parte do que me dizia  a aurora das manhãs do s meus domingos de menino buchudo...do que me falaram os pássaros que eu escutava no meu quintal, quando eu colhia rosas dos jardins, como se fossem feitas pra mim...

          MAS o que a Dor entorta o tempo alinha...um dia, tomarei o vinho da sua boca, estarei na sua festa, e colherei pessoalmente a flor do seu jardim.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

AS HORAS...A POESIA DE ANNA LIMA PIMENTEL





AS HORAS, É UM POEMA DA MINHA AVÓ MATERNA: ANA LIMA PIMENTEL.



LOCALIZEI O, NO LIVRA DAS VELHAS 




FIGURAS, DE CÂMARA CASCUDO, 



EDIÇÃO DE 1976, NA PÁGINA 





92.


MUSIQUEI O POEMA E ESTOU 



Cantando para voce, meu leitor querido...







MANHÃ. O SOL FORMOSO E 


ALVISSAREIRO


SURGE DO AZUL DA TELA 



ESPLENDOROSA...




BRILHA NO CÉU O ASTRO DERRADEIRO.


ABRE NA TERRA A DERRADEIRA ROSA.


POR QUE NÃO VENS Á HORA DOS 



FULGORES,


COMO A LUZ, COMO OS SONHOS, COMO 

AS FLORES?


TARDE CANTOS DE AVES ERRADIAS


PELOS RAMOS DAS ÁRVORES 

FRONDOSAS...


VOAM CANÇÕES PUNGENTES E 



SOMBRIAS


LÁ NO SEIO DAS ONDAS RUMOROSAS...


POR QUE NÃO VENS Á HORA DA 

TRISTEZA,


COMO OS SALMOS GENTIS DA 

NATUREZA?


NOITE. PERPASSAM TREVAS 

EMBALADAS


SOBRE AS ASAS DA BRISAS 

PEREGRINAS,


E AS FORMOSAS ESTRELAS 

DESMAIADAS


ENCHEM O AZUL DE LUZES 

PEQUENINAS...


POR QUE NÃO VENS NA HORA DA 

POESIA,


COMO AS ESTRELAS, COMO A NOITE 

FRIA?

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A POESIA DE ANNA LIMA PIMENTEL


TEU CORAÇÃO – ANNA LIMA
A Maria Bittencourt
Teu coração angelico e formoso,
Como um sonho de amor resplandecente,
Faz-me esquecer as dôres do presente
E as magoas do passado desditoso.
Se um pesadêlo infindo e tormentoso
Cáe sobre est’alma soffrega e descrente;
Teu coração querido, de repente,
Salva-a da dôr, sincero e caridoso.
Minhas rimas são rosas desmaiadas.
Necessitam de sol as pobres flores,
A’ mingua de risonhas alvoradas…
Vivem meus cantos na tristeza immersos!
Teu coração tem tantos esplendores…
Dá-me um pouco de luz para os meus versos.
Junho – 1900

terça-feira, 25 de agosto de 2015

UMA PARÁBOLA...


O velho, o lago, e algumas mulheres nuas
Um velho tinha um lago no fundo de suas terras.
Depois de muito tempo, decidiu ver se estava tudo em ordem.
Tomou uma cesta para aproveitar o passeio e colher umas frutas pelo caminho... Ao aproximar-se do lago, ouviu vozes animadas.
Viu um grupo de mulheres que se banhavam completamente nuas.
Ao vê-lo, todas foram para a parte mais profunda do lago, mantendo apenas a cabeça fora da água.
Uma das mulheres gritou: - Não sairemos enquanto o senhor não se afaste!
O velho respondeu: Eu não vim até aqui para vê-las nadar ou sair nuas do lago!
Levantando o cesto, lhes disse: - estou aqui para alimentar o crocodilo...
Moral da história: idade, experiência e ofício, sempre triunfarão sobre a juventude e o entusiasmo.

domingo, 23 de agosto de 2015

I JUST CALL...PELO MÉDICO, POETA, CANTOR,O BRANCO MAIS PRETO DESTE ESTADO...

A POESIA DE CACASO...




HAPPY END

O meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente


ESTILOS TROCADOS
Meu futuro amor passeia — literalmente — nos
píncaros daquela nuvem.
Mas na hora de levar o tombo adivinha quem cai


PASSEIO NO BOSQUE

o canivete na mão não deixa
marcas no tronco da goiabeira
cicatrizes não se transferem
LAR DOCE LAR
Minha pátria é minha infância:
por isso vivo no exílio
PRETO NO BRANCO
De colorida já basta
a vida



FATALIDADE

A mulher madura viceja
nos seios de treze anos de certa menina morena.
Amantes fidelíssimos se matarão em duelo
crepúsculos desfilarão em posição de sentido
o sol será destronado e durante séculos violas plangentes
farão assembléias de emergência.
Tudo isso já vejo nuns seios arrebitados
de primeira comunhão.


Antônio Carlos de Brito, Cacaso nasceu em Uberaba (MG) em 13 de março de 1944 e morreu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1987. Foi professor universitário, letrista e poeta.
Depois de viver no interior de São Paulo, mudou-se aos onze anos para o Rio, onde estudou Filosofia. Nas décadas de 1960 e 1970, lecionou Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na PUC-RJ.
Foi colaborador regular de revistas e jornais, como Opinião e Movimento, tendo, entre outros assuntos, defendido e teorizado acerca do cenário poético de seus contemporâneos, a geração mimeógrafo, criadores da dita poesia marginal. Seus artigos estão reunidos em Não quero prosa, publicado em 1997.
Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. (Fonte: letras .com.br)

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A POESIA DE CECÍLIA MEIRELES




Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
AUTORA: Cecília Meireles

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A MEDICINA DO RIO GRANDE DO NORTE CHORA A MORTE DE DR. AMÉRICO MARTINS...




LAMENTO profundamente a morte prematura do meu amigo médico, Dr Américo...
Trabalhamos juntos mais de dez anos no SOS UNIMED NATAL, onde aprendi a admira-lo...
          Américo não tinha, ele era a bondade...
Atleta, simpático, gentil, conquistador nato,o seu alfabeto tinha um Q, que atraia as mulheres bonitas...
namorou somente com princesas...era farto, gentil, de gestos largos, pródigo...
Certa vez fez uma cirurgia na face de um familiar meu, por cortesia...
Entrei na sala cirúrgica para ver a cirurgia, e pela maneira dele colocar o Campo cirúrgico na face, compreendi que era um médico diferenciado...from frança...from Canadá, lugares onde fez estudos...

               Certa vez foi chamado por um sobreaviso ,para ver uma turista que tinha se acidentado no Bugre, que havia capotado em Jenipabú, e tinha esfacelado á face...
Américo fez o atendimento de urgência, que se desdobrou em seis cirurgias reparadoras, regiamente pagas...
Após a alta hospitalar, dois meses de acompanhamento, foi quando o amor se instalou...
               Quando recebeu ALTA, a turista marcou a viagem de volta e peguntou ao Américo:

               Quero doar cem mil reais a uma instituição de caridade... me indique?

Qual é o seu maior desejo profissionalmente?

              Américo levou a turista, namorada e paciente ao hospital infantil Varela Santiago, onde foi feita a doação...
e disse:
Tenho vontade de fazer dois estágios: NO CANADÁ E NA FRANÇA...a moça anotou e retornou á sua cidade...


               Tempos depois chega a passagem para o Canadá e a confirmação de que o seu estágio em cirurgia plástica começaria em tal dia...e a explicação: durante o estágio você vai receber 4.000 dólares da firma de meu pai , para se manter...
Américo foi, fez o estágio, lá moraram juntos , me parece dois anos, ele e a artista plástica...


              Terminado o estagio Canadense, a moça falou:
                   Conseguí o seu estágio na FRANÇA, você continuará a receber o salario da firma de papai enquanto tiver estagiando...
              

               Américo tomou um banho da vida francesa e da técnica cirúrgica do grande país europeu....

               Interessante foi no Canadá,Américo foi abrir uma conta no banco , o que foi negado pelo gerente:
É um estrangeiro, sem emprego fixo, sem contra cheques...
             Ao chegar em casa contou a companheira...ela disse: o contador de meu pai vai resolver isto...

               No outro dia, lhe entregou uma declaração do contador, que em suma dizia:

               Me responsabilizo pela conta do Dr Américo Martins...eu sou correntista deste banco, e minha conta pessoal tem mais de oito dígitos em dólares...

               Américo entregou a declaração ao gerente, que lhe abriu as portas...

             Américo era pródigo...tinha e usufruía...queria o melhor...

               tinha as bicicletas americanas mais caras, e o violão mais caro de Natal, comprado também nos Estados Unidos...

               Certa vez estava no Rio de Janeiro e recebeu um telefonema de sua mãe com o seguinte problema:

               Américo, aqui tem um homem barbudo, dizendo que quer o seu violão emprestado, por que vai fazer um show hoje a noite no teatro Alberto Maranhão...

Américo se surpreendeu e perguntou: Quem disse a ele que eu tinha um violão e deu o endereço?
a senhora respondeu:ele veio com Tarcísio Flor, que está aqui...


               Américo falou com Tarcísio que explicou: estou aqui com João Bosco, cuja bagagem passou direto para outra cidade , inclusive com o violão...

               Américo retomou pra mãe:mamãe pode emprestar o violão...é uma honra emprestar o violão ao famoso João Bosco...


               Era assim Américo...prestativo, solidário, simples e um imã natural para mulheres bonitas...

               há uns anos pediu demissão do SOS UNIMED, e passamos a não conversar...


               O ví há um mês atrás,passando no MIDWAY, e eu sentado no Café Santa Clara...percebia-se o seu abatimento...o seu envelhecimento precoce...
me cumprimentou andando, fugindo do seu jeito habitual...não imaginei a gravidade da situação...

               Américo era filho de SEU MARTINS, o dono da tradicional casa do alecrim:O PESCADOR...de quem herdou a elegância, a finesse, o tratar bem...teve berço do bom...

              Meu querido amigo Américo, que Deus o tenha em um bom lugar...

               Deus tem lugar garantido para você...tenho certeza...saudades.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A MINHA VIDA EM PROSA E VERSOS...




LETRA E MUSICA DE BERNARDO CELESTINO PIMENTEL. GRAVADA NO CD MEDICO POPULAR BRASILEIRO.



EU VI A LUA POR DETRÁS DAQUELA SERRA,
MORRI NA PAZ, NASCI NA GUERRA,
SONHEI COM A ROSA E O LUAR.

EU VI A LUA POR DETRÁS DA BANANEIRA,
ESCUTEI PADRE ESCUTEI FREIRA,

ISSO SÓ FEZ ME ILUMINAR...


COMO E QUE EU POSSO ME ESQUECER DESTAS MIRAGENS,
SE A VIDA PASSA E AGENTE VIVE A LEMBRAR,
COMO E QUE EU POSSO SER FELIZ COMO POETA
SE EU SOU A DOR, A EMOÇÃO E O CANTAR..




AINDA GAROTO VI O GATO E O CACHORRO.
O PERIQUITO E O BESOURO, VI O BEZERRO MAMAR.
VI O MARTELO, A PORTEIRA E O SERROTE,
EU JÁ SABIA QUE A SORTE E UM PRESENTE QUE DEUS DA.


COMO E QUE CHAMAM UM GAROTO TAO FELIZ,
QUE E ILUMINADO PELO SOL QUE VEM DO CÉU,
COMO E QUE EU POSSO UM SEGUNDO ME CALAR,
SE EU SOU A VIDA SOU O SOL E O LUAR.


EU VI A RODA , A CANOA E O ROJÃO,
EU CANSAVA NO SÃO JOÃO COM A FUMAÇA DA FOGUEIRA,
TOMEI ANGICO E CUMARU PARA BRONQUITE,
ADORAVA ANDAR DE JEEP, DE CARROÇA E CAMINHÃO.

COMO SE PODE ESQUECER DE GENTE E GESTOS,
SE A SAUDADE NÃO ME DEIXA SOSSEGAR,
COMO SE PODE COMEÇAR TUDO DE NOVO,
SE EU SOU DO POVO COMO O SOL, E DO LUAR...



VIM PRA NATAL PRA SER BOM NA MEDICINA,
CONHECER PENICILINA, FEBRE TIFO E DIGITAL,
RECEITEI VINHO PRA BAIXAR COLESTEROL,
PRA TRISTEZA BANHO DE SOL, PRA POESIA BANHO DE MAR.

COMO E QUE PASSA UM INSTANTE SEM SENTIR,
SE A POESIA ESTA DEBAIXO DESTE ANEL,
COMO E QUE PODE SE VIVER SÓ PRA EXISTIR,
EU QUERO A SOPA, QUERO O PÃO, EU QUERO O MEL...



EU VI A MOCA PELA FRESTA DA JANELA,
VI A ROSA E O CHEIRO DELA FAZER O BICHO PEGAR,
SAI CONTENTE TOMEI BANHO NA BIQUEIRA,
AMO A VIDA A VIDA INTEIRA, GOSTO MUITO DE CANTAR...


COMO E QUE PODE SE A VIDA E POR UM TRIZ,
AGUARDE A MORTE QUE ELA VEM PRA NIVELAR,
EU QUERO A VIDA , EU QUERO UM BEIJO, EU QUERO BIS,
EU SOU DO SAMBA COMO O SURDO E DO GANZA...


DESDE CRIANÇA EU MOREI EM NOVA CRUZ,
ME CRIEI SEM AGUA E LUZ, MAS TINHA DEUS NO MEU POMAR...
DEPOIS DE GRANDE TRABALHEI EM SANTO ANTÓNIO,
EU VI A ONÇA E O LAJEDO,
EU VI A COBRA E O PREA.


O QUE E QUE EU DIGO DESTA FLOR QUE EU TRAGO EM MIM,
E DESTE BRILHO QUE ME ESCAPA DO OLHAR,
OLHEI PRA VIDA, OLHEI PRO CÉU E DISSE SIM,
EU SINTO A CHUVA , SINTO A PELE, EU SINTO O MAR ...



LEMBRO DO BERÇO, DO MEU TERÇO E DO RECADO DE MAMÃE PARA O FUTURO:
TUDO UM DIA VAI PASSAR....
O QUE NÃO PASSA E A TOLERÂNCIA E A CARIDADE, A BOA ACAO E AMIZADE,
E QUEM TEM MAIS TEM QUE MAIS DAR...


EU ABRO OS BRAÇOS, ABRAÇO O MUNDO , OMAR E O SOL,
EU CHEIRO A VIDA QUE RENASCE NAS MANHAS,
VIBRO COM AS FLORES POIS NÃO ESCOLHEM JARDINS,
ENTENDO OS PÁSSAROS QUE CANTAM NO MEU QUINTAL.

SHAKESPEARE...



WILLIAM SHAKESPEARE.
Aprendi que Amores eternos podem acabar em uma noite.



Que grandes amigos podem se tornar 
grandes inimigos.
Que o amor sozinho não tem a força que imaginei.
Que ouvir os outros é o melhor remédio e o pior veneno,
Que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal, gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos.
Que os poucos amigos que te apoiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram.
Que o "nunca mais" nunca se cumpre, que o "para sempre" sempre acaba. Que minha família com suas mil diferenças, está sempre aqui quando eu preciso.
Que ainda não inventaram nada melhor do que colo de Mãe desde que o mundo é mundo.
Que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo.
Que vou cair e levantar milhões de vezes, e ainda não vou ter aprendido TUDO."
Estamos aqui de passagem..
William Shakespeare

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O CARDEAL...

Os Cardeais vivem em casais e são fiéis por toda a vida. São altamente territorialistas, não toleram a aproximação de nenhuma outra ave ou animal, havendo relatos de os Cardeais machos atacam até um Sorro, espécie de raposa, muito comum no interior gaúcho.
Na natureza, costumam habitar descampados, plantações e regiões como os Pampas 
Esta ave impressiona pela beleza, tanto de suas plumagens como de seu canto, e facilmente um observador emociona-se ao contemplar uma destas na natureza.
Mas, por incrível que pareça, o sentimento de admiração muitas vezes pode transformar-se no de ambição e, de mero admirador, uma pessoa ligeiramente vira um aprisionador de aves! Muitas vezes (o que é pior!), o fazem por dinheiro apenas, ou então por alguma outra razão insignificante. 
E, vale lembrar, criar aves ilegais é crime!
Os dons destes pássaros, que inspiram e alegram, com arte e melodia, a vida de muitas crianças, jovens e adultos no mundo todo convertendo-nos a uma vida mais simples, justa e humana.

ANGICO E CUMARÚ...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


Fui uma criança que tinha Bronquite asmática...acordei muitas vezes com falta de ar, tinha broncoespasmo, ficava cianótico,segurando nas abas da rede e lendo o sofrimento na face de minha mâe, que mandava chamar o médico da cidade,Dr Octacílio Lyra, de saudosa memória...nunca fui a pronto socorro...as crise eram tratadas em casa.já com dez anos, me consultei com um pneumologista,o melhor de Natal, Dr Milton Ribeiro Dantas...

Ainda sou usuário de VICK VAPORUB...ainda sinto a sensação de alívio, quando nas crise de PUXADO,mamãe passava-o no meu peito...
de tudo o que usei, o mais importante pra mim era o LAMBEDOR DE ANGICO COM CUMARÙ...é um grande expectorante na prática, mesmo sem eu saber o porquê e como? ratifico, é o melhor expectorante que eu conheço.
Quem ensinou a minha mãe a me dar este lambedor foi o dentista da cidade,Nova Cruz,um grande amigo da família, o Dr Gilberto Tinôco...o mesmo contou, que tinha uma filha chamada Dalila Maria, que é viva,que teve um período de muita bronquite e boncoespasmo...um puxado súbito e duradouro...tossia muito,tinha falta de ar,e o problema já estava querendo ficar crônico...ao chegar as férias escolares,a menina veio brincar na fazenda da avó,em Santo Antonio,na fazenda de Dona Dalila, também.A velha começou a administrar a neta, o lambedor de angico com cumarú....a criança começou a expectorar mais, e a velha ficou esperançosa e animada...até que um dia,durante um acesso de tosse, a menina elimina uma placa de catarro estranha, com algo dentro...a dissecção do eliminado mostrou que se tratava de um botão de cueca de homem...a partir desta data o problema foi se acabando, e a criança ficou curada.Esta história minha mãe não contou mil vezes na vida...as comadres, aos amigos...ainda hoje usamos este lambedor se for preciso...
Agora vou terminar repetindo CERVANTES:EU NÃO ACREDITO EM BRUCHARIAS NÃO...MAS QUE ELAS EXISTEM, EXISTEM.
Post script:consolo para um corno...
ESSE NEGÓCIO DE CHIFRE
É COISA MUITO COMUM
JÁ LEVEI CHIFRE DE NOITE
DE MANHÀ E EM JEJUM
O REMÉDIO É PACIÊNCIA
PITU E CINCOENTA E UM”