sexta-feira, 28 de novembro de 2014

IMPROVISOS...


XUDU
O paraibano Manoel Xudu, poeta violeiro improvisador (1932 – 1985)
* * *
Manoel Xudu
Quando eu segurei a tua mão
Foi achando que ela estava fria
Ela tava tão quente e tão macia
Igualmente um capucho de algodão
Vou mandar repartir meu coração
Pra fazer-te presente da metade
Pra gente ficar de igualdade
Tu me dá teu retrato eu dou o meu
O retrato me serve de museu
Pra eu guardar meu romance de saudade.
Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mamãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Minha mãe me deu um tapa
E depois se arrependeu
Beijou aonde bateu
acabou a inchação
Quem perde mãe tem razão
De chorar o que perdeu
* * *
Zé Galdino
Infância foi ilusão
Por quem por ela passou
A velhice é um museu
Que o tempo fabricou
Pra guardar as fantasias
Que a juventude deixou.
* * *
Ismael Pereira
Depois que meu pai morreu
Minha mãe ficou sozinha
Na sua vida de pobre
Trabalhando pra vizinha
Estragando a vida dela
Pra dar conforto a minha.
* * *
José Monte
É bonito se olhar numa represa
A marreca puxando uma ninhada
Com um gesto de mãe tão dedicada
No encontro das águas da represa
Quanto é lindo o arrolho da burguesa
Num concerto de notas musicais
A lagarta com letras naturais
Numa folha escrever fazendo um cheque
E palmeira selvagem abrindo o leque
Espantando o calor que a tarde faz.
* * *
Miro Pereira
O meu pai não tem estudo
Mamãe é analfabeta
Eu pouco fui à escola
Somente Deus me completa
Com esse sublime dom
De repentista e poeta.
* * *
Noel Calixto
Alagoas tem Quilombo
Belas praias, tem coqueiro
Berço de Apolônio Belo
E de Vicente Granjeiro
Famosa nas duas coisas
Marechais e violeiro.
* * *
Maximino Bezerra
Descobri comigo mesmo
Que a tristeza vem da dor
Carinho vem da ternura
A paixão vem do amor
A verdade vem de Cristo
E os versos, do cantador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário