segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A TRAIÇÃO...POR MIRANDA SÁ

   “Os desconfiados desafiam a traição” (Voltaire)
Sempre o dicionário! Na minha infância costumava-se chamar o dicionário de “pai dos burros”, uma lição de que me aproveito até hoje: Fui ao Aurelão para ver o vocábulo “Traição”, e lá encontrei – Traição (do latim traditione, entrega): Ato ou efeito de trair; Crime de quem, perfidamente, entrega, denuncia ou vende alguém ou alguma coisa.
Psicanalistas citam vários fatores que levam à traição: questões culturais, carências, vingança e estímulo provocado pela ânsia de obter vantagens, ou conquistar o poder com a ruptura de compromissos assumidos anteriormente.
Está gravado na memória o grande traidor na História das Religiões; Judas Iscariotes, que vendeu Cristo ao Sinédrio por 30 dinheiros; e na História da Civilização Ocidental, Marcus Junius Brutus, assassino de Júlio César, evocado na peça épica de Shakespeare. E na lembrança nacional, Joaquim Silvério dos Reis personifica a traição.
Há também exemplos traiçoeiros na política. Hitler que prometeu aos alemães a felicidade no Reich de Mil Anos e levou a Alemanha ao desastre; Stalin, que anunciou ao povo russo um socialismo de mil maravilhas e deu-lhes um regime burocrático e policialesco.
Os brasileiros assistem, neste momento, o máximo de traição nacional, com o PT-governo trazendo agitadores da Venezuela para doutrinar camponeses e jovens, pregando a quimera de uma “Pátria Grande”, com capital em Havana, em detrimento da Pátria Brasileira.
A traição é própria do partido hegemônico que assaltou o poder republicano com um estelionato eleitoral, e que se mantém corrompendo o povo com esmolas, cooptando movimentos sociais com verbas públicas e expropriando o Erário pela desenfreada corrupção.
Dos jornalistas com quem mantenho relações de antiga amizade, e de intelectuais que me distinguem com numerosa correspondência, venho armazenando informações de experiências humanas, sociais e políticas. Entre elas, guardo a revolta dos que se iludiram com o PT, uma organização política que abandonou seu programa original acomodando-se às circunstâncias; rodopiando como biruta de aeroporto ao sabor da conveniência da hierarquia…
Os desencantados ex-petistas abominam a formação stalinista da estrutura partidária que funciona como uma ducha para lavagens cerebrais, como máquina de modelar  consciências e uma calculadora que reduz pessoas humanas a números.
São vários exemplos de fundadores do PT que se conscientizaram dessa aberração partidária pela experiência vivida no seu interior; e, como ex-militantes, abandonaram-na e enfrentam-na no plano do pensamento; outros, que por ingenuidade e crendice tentaram modificá-la, foram expulsos…
Esse drama de homens e mulheres idealistas compara-se à libertação da escravatura. Não se livraram dos grilhões partidários por desconfiança – como filosofou Voltaire na epígrafe que, creio, referiu-se a casos de amor –; mas se emanciparam por convicções supra-individuais, em defesa da ética e do culto à liberdade.
Lembram-se de que o PT foi fundado pregando a democratização da política, o combate à corrupção e as mudanças sociais; mas com as primeiras vitórias eleitorais, foi dominado por pelegos sem princípios e com amoralidade intrínseca determinaram o assassinato de Celso Daniel. Assistiram assim o atraente programa político original ser trocado pela criminalidade.
A traição dos hierarcas ficou ainda mais clara nas alianças feitas com Sarney, Collor, Maluf, Renan Calheiros e Jáder Barbalho, entre outros fichas sujas, formando uma parceria para o assalto ao patrimônio público, excedendo-se, como se viu na Petrobras.
Essas figuras sinistras substituíram na esfera lulo-petista as pessoas decentes que não suportaram compactuar com a traição. Lembro-me de Fernando Gabeira, Ferreira Goulart, Flávio Arns, Hélio Bicudo, Heloisa Helena, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio e Orlando Fantazzini.
Os iludidos que ficaram, petistas e simpatizantes, e votaram novamente no PT, assistem pós eleição, Dilma fazendo o que disse que Aécio iria fazer. E só lhes resta cantar o samba clássico: “Você pagou/ com traição/ a quem sempre/ lhe deu a mão!…”

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