quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

QUEM COMEU O CORONEL? POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

 Que tal uma visitinha a Penedo?



DONO DE LANCHONETE É PRESO POR BATIZAR SANDUICHES COM PATENTES MILITARES.


Para o dono de uma lanchonete de Penedo, a 170 km de Maceió (AL), tratava-se de uma estratégia de marketing. Mas, para o comandante da Polícia Militar na cidade, era uma ofensa à Corporação.

E assim, por batizar os sanduíches da casa com patentes militares, Alberto Lira, 38 de idade, dono da lanchonete Mister Burg, acabou detido por ordem do comandante da PM local.
Afinal, entendeu o militar, não ficaria bem alguém chegar na lanchonete e pedir: "quero um coronel mal passado".
Ou sair de lá dizendo: "acabei de comer um sargento".

Na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência e, face ao tumulto havido, a casa comercial fechou durante algumas horas.
Contudo, como o delegado de plantão entendeu que não havia motivo para prisão, Lira foi liberado horas mais tarde. Os cardápios da lanchonete foram recolhidos para avaliação e a casa reaberta em seguida.
Aproveitando-se da inesperada repercussão, a lanchonete quer manter o cardápio, que tanto desagrada à PM.

A casa oferece lanches como o "coronel" (que é o filé com presunto), o "comandante" (um prato com calabresa frita), e por aí vai.
A brincadeira foi demais para o parco humor dos policiais militares, que dizem que os nomes dos pratos provocavam chacotas e insinuações contra os policiais, entre os moradores da cidade de Penedo, 60 mil habitantes.
Lira, o dono da lanchonete, diz que não teve, nem tem, nenhuma intenção de brincar ou ofender à Corporação. O cardápio - garante o dono da lanchonete - pretendia ser uma homenagem à hierarquia militar.
O prato mais caro era o "comandante".

O comerciante contratou o advogado Francisco Guerra, para entrar com uma denúncia por abuso de autoridade contra o comandante local da PM e uma ação reparatória, por dano moral, contra o Estado de Alagoas.
Nela, vai salientar que não existe nenhum texto legal que impeça um restaurante de incluir, no seu cardápio, "lula à milanesa", "filé a cavalo" ou "coronel mal passado", etc.

O advogado já pediu habeas corpus preventivo, para evitar outra detenção de seu cliente. A peça sustenta que "se o argumento do comandante fosse válido, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro".

Como se sabe, brigadeiro - além de ser a mais alta patente da Aeronáutica - é também o nome do docinho obrigatório nos aniversários de crianças.
"Em Penedo, comer brigadeiro pode, mas comer coronel, está proibido" - ironizam os advogados da cidade. --

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