Abram-me todas as janelas!
Arranquem-me todas as portas!
Puxem a casa toda para cima de mim!
Quero viver em liberdade no ar,
Quero ter gestos fora do meu corpo,
Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo,
Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras,
Quero ir, como as coisas pesadas, para o fundo dos mares,
Com uma voluptuosidade que já está longe de mim.
Arranquem-me todas as portas!
Puxem a casa toda para cima de mim!
Quero viver em liberdade no ar,
Quero ter gestos fora do meu corpo,
Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo,
Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras,
Quero ir, como as coisas pesadas, para o fundo dos mares,
Com uma voluptuosidade que já está longe de mim.
Sou EU, um universo de carne e osso querendo passar.
E que há de passar por força, porque quando quero passar, sou deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas de emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, policia; meretrizes; souteneurs;
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida;
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!
Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
E que há de passar por força, porque quando quero passar, sou deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas de emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, policia; meretrizes; souteneurs;
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida;
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!
Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
__Álvaro de Campos - trecho do poema 'Saudação a Walt Whitman'
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