quinta-feira, 18 de agosto de 2016

VATES POPULARES...


Pinto do Monteiro
Vou construir uma casa
junto ao rio Parnaíba,
de frente pra Pernambuco,
de costas pra a Paraíba,
só pra não ver duas coisas:
São Tomé e João Furiba.
Zé da Prata
A moça quando se casa,
Todo castigo merece
Troca pai e troca mãe
Por alguém que mal conhece
E fica na obrigação
De amolecer um cambão
Toda vez que endurece.
Cego Oliveira
Poeta Zé Mergulhão
Você procure a defesa,
Eu lhe dou a explicação
Com toda delicadeza,
Eu com a rabeca na mão,
Eu canto por precisão
E você por sem-vergonheza.
Essa minha rabequinha
É meus pés, é minha mão
É minha roça de mandioca,
É minha farinha, o meu feijão,
É minha safra de algodão,
Dela eu faço profissão
Por não poder trabalhar,
Mas ao padre fui perguntar
Se cantar fazia mal.
Ele me disse: Oliveira,
Pode cantar bem na praça,
Porém se cantar de graça
Cai em pecado mortal..
Antonio Marinho
Parece que não gostou
Nobre doutor Edmundo,
Que é o doutor mais feio
Que eu já vi neste mundo,
Que o fundo parece a cara
E a cara parece o fundo.
Valdir Correia
Cantador que cruzar o meu caminho
Se arrisca a sofrer passar vergonha
Ele sofre, peleja, mas não sonha
Cantar grande igualmente Canhotinho
Vai buscar Lourival, Antônio Marinho
Vai andar como Cristo Galileu
E me mostre um poeta que venceu
Que duvido cantando me vencer
Cantador que pensar em me bater
Se arrisca a apanhar mais do que eu.
Valdir Teles e Fenelon Dantas
Valdir Teles:
Meu colega nasceu com vocação
Pra viver de caçada e pescaria
Cortar lenha de foice e fazer cerca
Mexer barro em cerâmica e olaria
Cozinhar varrer chão lavar banheiro
Só não pode é viver de cantoria.
Fenelon Dantas:
Companheiro viver de poesia
Tem que ter competência pra viver
Fazer versos sabendo dos quesitos
Você tá fazendo sem saber
Quer vender a viola diga o preço
Vá caçar outra coisa pra fazer.
Severino Ferreira
Eu também lembro a infância
Meu tempo de meninice
A fase da mocidade
O período da meiguice
Mas tudo está se passando
Aos poucos vou mergulhando
No caldeirão da velhice.
Aonde fui habitante
O destino me levou
Vi a casa destelhada
A porta o vento quebrou
Só com lixo na biqueira
Ainda vi a caveira
De um boi que a seca matou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário