quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A POESIA DE ANA LIMA PIMENTEL...



UM CANTOR ALADO – Anna Lima


Quando o sol alviçareiro
Emerge à flor do levante,
Elle trina prazenteiro
Um gorgeio inebriante.
N’uma alegria infinita,
Cantando estrophes amenas,
Alviçareiro saltita,
Orvalhando as louras pennas.
Quando a brisa matutina
Oscula as flores do prado,
Elle solta a chrystallina
Voz de seu ledo trinado.
Para o delicado ninho,
Ess’ave, affavel e meiga,
Traz no seu curvo biquinho
Um ramo verde da veiga.
Ei-lo em prazer dulçoroso
Trinando psalmos de amor,
Pelo rebento mimoso
Das laranjeiras em flor.
Um terno e magico encanto
Em meu ser todo se aninha,
Quando ouço o terno canto
D’essa mimosa avezinha.
E enquanto em flores remanso
Trina esse alado cantor,
Feliz minh’alma, de manso
Gorgeia a estrophe do Amor.
Açú – 1899

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