SONETO DE LUZ E TREVA – Vinicius de Moraes
Para a minha Gesse, e para que ilumine sempre a minha noite
Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima.
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima.
Mas súbito renega a bela e a fera
Prende o cabelo, vai para a cozinha
E de um ovo estrelado na panela
Ela com clara e gema faz o dia.
Prende o cabelo, vai para a cozinha
E de um ovo estrelado na panela
Ela com clara e gema faz o dia.
Ela é de capricórnio, eu sou de libra
Eu sou o Oxalá velho, ela é Inhansã
A mim me enerva o ardor com que ela vibra
Eu sou o Oxalá velho, ela é Inhansã
A mim me enerva o ardor com que ela vibra
E que a motiva desde de manhã.
– Como é que pode, digo-me com espanto
A luz e a treva se quererem tanto…
– Como é que pode, digo-me com espanto
A luz e a treva se quererem tanto…
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