domingo, 7 de julho de 2013

POETAS POPULARES...



João Paraibano
O que mais me admira
É ver o sapo inocente
Que gosta de lama fria
Mas detesta a terra quente
Vendo da cobra o pescoço
Pinota dentro do poço
Pra se livrar da serpente.
* * *
Dedé Monteiro
A saudade verdadeira
Não cabe em “cofres” pequenos.
Martiriza a vida inteira,
Mas, dividida, dói menos.
** *
Eloi Firmino de Melo
Conheci um sujeito no sertão
Corajoso e valente por inteiro,
Acabava o forró e no terreiro
Espalhava a bagunça pelo chão.
Tinha fama de grande valentão
Nas maiores manchetes dos jornais.
E eu mandei um recado pro rapaz
Desistir do seu modo arruaceiro;
Ao saber o meu nome verdadeiro
O caboclo sumiu, não voltou mais.
* * *
Jânio Leite
Um rouxinol pendurado
Na algaroba se inclina
O rabo fica pra baixo
E a cabeça pra cima
Facilitando o poeta
Completar a sua rima.
 
* * *
Otacílio Batista
Minha mãe me criou dentro do mar
Com o leite do peito de baleia
Me casei no oceano com a sereia
Que me fez repentista popular
Canto as noites famosas de luar
E linguagem das brisas tropicais
Entre abraços e beijos sensuais
Nos embalos das ondas seculares
Conquistei a rainha mãe dos mares
E o que é que me falta fazer mais?
* * *
Zé de Cazuza
O pobre do retirante
Viaja sem rumo certo
Quando está fatigado
Acha um juazeiro perto
Parecendo um guarda-chuva
Que Deus armou no deserto.
* * *
Guaipuan Vieira
É bem feliz quem escreve
E vê sua obra estudada
É imortal quem tem vida
Vida diversificada
Já conquistou sua glória
Prá no céu fazer morada
* * *
Joaquim Venceslau Jaqueira
Eu andei de déo em déo
E desci de gáio em gáio
Jota a-já, queira ou não queira.
Eu não gosto é de trabaio,
Por três coisa eu sou perdido:
Muiê, cavalo e baraio!…
* * *
Inacio da Catingueira
Há dez coisas neste mundo
Que toda gente procura:
É dinheiro e é bondade,
Água fria e formosura,
Cavalo bom e mulhé,
Requeijão com rapadura,
Morá, sem sê agregado,
Comê carne com gordura.
* * *
Bob Motta
Nem ostra, nem catuaba,
nem caldo de tubarão,
culhão de touro ou pirão,
nem mesmo, uma caldeirada;
vai levantar a “finada”,
que vive olhando p’ro chão.
Nem pentelho de barrão,
lhe digo, na minha verve;
isso de nada lhe serve,
quando se acaba o tezão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário