quinta-feira, 26 de abril de 2018
No Tempo da Delicadeza...por Bernardo Celestino Pimentel
Cada dia que passa eu sinto falta da delicadeza...
Como estamos nos embrutecendo?
A Consideração está se acabando, dando lugar ao cinismo...
A MEDICINA, e sobretudo A MEDICINA se resumindo a uma atividade comercial como outra qualquer...
Como os homens estão frios,neutros, apáticos, pragmáticos, fúteis e carentes do bem...
Esquecemos o que uma vez falou o Poeta das Xananas:
Das ARTES, é a de curar a que mais se aproxima de Deus...
A CARIDADE , nesta terra, neste país , passou a ser um palavrão...um nome feio...
Lembrei me do Dr Luiz Antônio Ferreira dos Santos Lima, médico do naipe do Dr José Tavares...Dr Luiz Antônio, que hoje é somente um nome de hospital foi o grande criador da LIGA...
Certa vez o citado médico, irmão da minha avó materna, ANNA LIMA, a poetisa, estava atendendo no seu consultório, na rua Gonçalves Ledo...entra para se consultar um velhinho, tremulo, desnutrido,minguado,deprimido, sinalizando O FIM DA ESTRADA...
Tio Luiz Antônio o observa, pergunta o seu nome , o reconhece e o abraça...e apertando o velho contra o peito pontifica:
Que alegria seu alegria...como estou feliz em poder lhe consultar...hoje é um dia dos mais felizes para mim...o dia que eu me reencontro com o palhaço que me fazia sorrir , no circo, na minha infância...o senhor era a alegria da criançada do meu precioso tempo de criança...disponha dos meus préstimos...faço questão de ser seu médico, e chamou a secretária e devolveu o dinheiro da consulta...
Viu o sorriso do palhaço estampar na sua face...o velhinho sorriu e comoveu-se e o Doutor ratificou: toda vez que precisar de um médico pode vir aqui me dá este prazer...
Finalizo lembrando o meu eterno dentista, Dr. Gilberto Tinoco, que repetia sempre:
Saudades de agora, jamais...
Eu tenho saudade é do tempo que as 4horas da manhã o padeiro colocava um saco de pão no parapeito da nossa janela, depois o leiteiro colocava um depósito com cinco litros de leite...quando mamãe acordava, abria a janela, e ninguém tinha mexido em nada...
Era o tempo da delicadeza...
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