terça-feira, 6 de setembro de 2016

LITERATURA DE CORDEL...




Siqueira de Amorim:
É coisa de impressionar
Cantador improvisar
Sem a palavra faltar
Em qualquer ocasião
Ou na praia ou no sertão
No litoral ou na serra
Seu pensamento se encerra
No oitos pés a quadrão.
Lourival Bandeira:
Eu vou na mesma batida
Dou entrada e dou saída
Dou no peso e na medida
Com a maior distinção
Sou na lenha e no carvão
No fechado e no aberto
Em qualquer canto dou certo
Cantando oito a quadrão
* * *
Louro Branco:
A mulher do meu amigo
Tem falhas que ninguém soma
Ela parece um beiju
Que alguém faz com pouca goma
Na cama não tem quem queira
Na mesa não tem quem coma.
* * *
Elisio Félix:
Mulher é bicho cruel
que quando ri para a gente
é nos mostrando somente
as presas da cascavel.
Amei a uma infiel
que olhou pra mim um dia,
com ódio me dirigia
as suas presas fatais:
mordeu e saiu atrás
para ver onde eu caía.
* * *
Manoel Xudu:
Estou como um penitente
Que não possui um barraco,
Dorme à toa pela rua,
Um guabiru fura o saco,
Quando recebe uma esmola
Ela cai pelo buraco.
* * *
Luiz Quezado (Saudando o recém chegado vigário):
Ó Senhor, não batei palmas
Por um pastor ter chegado.
Eu sou o pastor do gado,
Vós sois o pastor das almas.
Vós viveis com todas calmas,
Eu vivo com lutadores,
Vós viveis entre os doutores
Instruindo e dando exemplo,
Eu no campo, vós no templo,
Nós ambos somos pastores.
* * *
Geraldo Amâncio:
Itapetim és a pista
De Louro, Otacílio e Dimas
Aonde o carro das rimas
Obedece ao motorista
Que cada página é revista
Escrita em diversas cores
És do Pajeú das Flores
A mais poética cidade
Itapetim, faculdade
Que diploma cantadores.
* * *
Domingos Tomaz:
Faz vergonha até dizer,
Que sua mãe foi branca e bela;
E este seu cabelo ruim,
Por que não puxou a ela?
Ou seu pai é muito preto,
Ou então, foi truque dela!
* * *
José Edimar (No decorrer das homenagens pelo centenário de nascimento do insigne poeta piauiense Domingos Martins Fonseca):
Foi Domingos Fonseca pra poetas
Conhecido “O armazém do improviso”
Com seus versos moldados no juízo
Construídos com linhas tão completas
Com cadências de rimas bem corretas
Se contando parece até lendário
Mas, cantou muito além do necessário
Divulgando o valor da profissão
Do poeta que é filho do sertão
Isso tudo completa o centenário.
* * *
José Adalberto:
Quando as lágrimas flutuantes
Afogam meus aperreios
Subindo demais o nível,
Deixando meus olhos cheios,
É a ressaca das ondas
Dos sofrimentos alheios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário