sexta-feira, 7 de setembro de 2018

MEMÓRIAS DE UM CARA DE NOVA CRUZ...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL



               VIM ESTUDAR EM NATAL COM 15 ANOS...vim fazer o curso científico no colégio MARISTA...


NAS primeiras semanas o choque cultural...um menino bem criado,feito no interior,passara a conviver com uma elite,muitos filhos de novos ricos...é impressionante a superficialidade dos novos ricos,sem berços, se lambuzando com o mel... que nunca tinham comido...
Perguntei ao diretor o que era GRÊMIO,foi uma vaia...como ficava em pé com os pés abertos, ganhei um apelido:dez pras duas...

NO PRIMEIRO DIA DE AULA, após a aula,estreando a minha calça LEE, que até então não conhecia, fui passear no grande ponto...na maior livraria da cidade, um BAFAFÁ...um aglomerado de gente...afastei os curiosos e visualizei a cena:O VIGILANTE SEGURANDO, COM FORÇA, O BRAÇO DE UM MENINO, COM FARDA DE GRUPO ESCOLAR,COM MAIS OU MENOS DEZ ANOS,magrinho,chorando...o menino tinha escondido na farda um lápis tinta BIC, de quatro cores...
O VIGILANTE VOMITAVA IMPROPÉRIOS, descrevendo o roubo...apertava o braço da criança,humilde, fraca, inocente,sem lápis de quatro cores...a multidão gritava; CRUCIFICA-O, CRUCIFICA-O...eram os partidários de BARRABÁS...
EU, o matuto do interior,encho o peito de ar, encaro o vigilante e a multidão e grito:COVARDES...COVARDES...VÃO PRENDER O GOVERNADOR...VOCÊ NÃO TEM VERGONHA NÃO, VIGILANTE ? eu vou pagar o lápis.
Me dirigi ao caixa, paguei o lápis e o coloquei no bolso da criança, dizendo: É UM PRESENTE MEU...SE VOCÊ FEZ ISTO, NÃO FAÇA MAIS NUNCA... O MENINO, AINDA PARANDO DE CHORAR, DISSE:OBRIGADO MOÇO!!!e o aglomerado se desfez,desapontado, diante do gesto nobre...enquanto o bem existir, o mal tem cura...

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