quarta-feira, 20 de junho de 2018

CORRENDO NA BANGUELA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

               Há DIAS QUE A GENTE SE SENTE COMO QUEM PARTIU OU MORREU...
              

               Hoje eu nem parti e nem morri...tive uma grande sensação...
               me  senti descendo o início de uma ladeira, num Corola azul,e eu tirava o carro de marcha...descia na banguela...
               Olhava atentamente para os lados, e com as mãos espalmadas, me acenavam os meus 63 anos...á minha direita estava o rio da minha infância,alguns amigos insistiam em pescar piabas, com uma garrafa seca de vinho,de fundo côncavo, e com um orifício feito ,para que o pescado entrasse.
               Vi amigos que conseguiam flutuar, mesmo nadando na lama...outros, cada vez que se mexiam afundavam mais, outros se tornavam submersos,outros em plena decomposição...
               me vi com cinco anos,tomando leite cru, do peito da vaca, no curral de Miguel Peitica...
               Avistei a grande cheia do rio curimataú,que lavou de medo, as garotas da rua do sapo em 1964...
               Em certo trecho, a esquerda, só existia a música:Seu Joquinha solava as valsas de Dilermando reis...seu Luiz Tavares tocava os choros de Ernesto Nazareth...tinham dois cantores Brejeiro e Manoel pilar, mas quem comandava as introduções era seu Chiquito....nisto avisto OS MARCIANOS, o nosso conjunto solando os milionários e a lenda de XANADÙ...escuto a banda de música tocar no jardim da casa de Paulo Bezerra,,,a galega tinha nascido e o tio fez um rapie our....
               olho para a esquerda e vejo o inferno...tinham muitos cães...enfrentei-os com a mão fechada,com o crucifixo que a irmã Ana maria me doou, que era do altar da capela....
               Passo pela faculdade de medicina,vejo os mesmos defuntos, os que morreram e os que pensam em ficar rico...baixo a cortina para não ver a mesmice...
               Não há mais condições de parar o carro...sou levado pela inércia....cruzei os braços, perdi a força,levitei a esta altura...
             
             
              Na ribanceira, sobre o lajedo,poucos amigos...a maioria morreram mesmo em vida...compreendo que o homem inteligente vive só...
               Continuo descendo a ribanceira na banguela...tirei de marcha o meu destino, aos 63 anos...
               Sou feliz, e explico a mim mesmo tudo o que foi e o que fiz...sou o meu fã número um...
               Não posso e nem quero parar...convivo bem com a minha sorte...
               Continuarei neste movimento desvairado,até que comece a flutuar, aí serei juntinho de DEUS.

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