sábado, 19 de dezembro de 2009

COISA DO EU PROFUNDO...


Chorei porque o tempo passou e eu vou viver feliz neste imutável inverno, e eterno...

chorei porque depois de mim eu continuei presente...
chorei por que me perpetuei na bondade...
chorei porque o tempo passou e eu encontrei me novamente MENINO...
chorei pela carência de tudo que se foi...
chorei porque a vida esta intacta, com as mesmas perspectivas e as mesmas saudades...
TEMO QUE O VELHO VENHA A SER O MENINO...
TEMO PRECISAR DA VELHA CIDADE PARA VIVER A MINHA PRÓXIMA INFÂNCIA.

O QUE PRECISO AGORA E DE UM RIO CHEIO, uma enchente...
PRECISO DE FLORES SIMPLES, MANHAS DE SOL, LAMBEDOR DE ANGICO E CUMARU,
PRECISO DE CONVERSA DE COMADRE E BRIGA DE VIZINHO...
PRECISO DE GENTE POBRE DESEJANDO COISAS SIMPLES...
preciso de homens carregando galao de agua nas costas..
preciso de conversas de sapateiros, ferroviários, cabeceiros e engraxates,
EU QUERO PROVAR DO LANCHE HUMILDE DO MEU VIZINHO, QUE ME RECBIA COMO SE UE FOSSE UM REI...
QUERO PASSEAR NA RUA DA MATRIZ E ABRAÇAR OS MEUS AMIGOS...
quero escutar o mesmo sino, que me relembrara o endereço de DEUS...
quero a estacao, quero o trem...
quero a alegria de quem chega e a saudade de quem parte.
QUERO O APERTO DE MAO DOS BOTEQUINS QUE SOAM COMO UM PEDIDO DE PERDÃO
PELO QUE TINHA DE SER..
QUERO ME LIVRAR DESTA CIDADE QUE IDOLATRA E NÃO FAZ NINGUÉM FELIZ...

Um comentário:

  1. Mas o bom mesmo é não se livrar
    de nada, é maravilhoso carregar
    para sempre esse balaio de tão
    lindas lembranças...

    "O QUE PRECISO AGORA E DE UM RIO CHEIO,
    uma enchente"...

    E uma cachoeira de lado para colocar
    a cabeça debaixo, e deixar cada vez
    mais fresquinha essas doces recordações!

    Belissímo texto, recheado de muita sabedoria,
    e de coisas tão cotidianas, que quando
    a gente se dá conta, está dentro do poema!

    ADOREI, simplesmente!

    ResponderExcluir