quinta-feira, 12 de julho de 2018

COLÍRIO DE AGUARRÁS...A POESIA DE BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



               Basta,colírio de aguarrás,
já não vejo...
               Hoje,vivo do que sinto e do que não vejo...
               O meu coração enfrenta as minhas emoções com a mesma perspectiva do assum preto, só preciso cantar, que é uma forma de liberar o espírito.

               Roubaste-me o brilho das imagens e dos sonhos, e quanto a natureza apenas a imagino...
               sou fosco,triste,tenho abulias, perdi a vontade,quero ser somente o personagem  em que me transformei...
               Resta-me esta extrema ternura no meu vão escuro, onde o coração fala, sente, dói, chora e tem medo...as mãos somente tateiam, e o coração entende  e o exterior se estressa...
               Na vida, fui um parto da poesia...nada foi real...caminhei  os meus anos de bunda canastra...nunca parei com os desastres, importante somente os sonhos e a emoção...
               Nasci bissexto em todos os sentidos, vivo intensamente a poesia, que é a desgraça dos sensatos, dos  de pouca iluminação...
               A poesia  existe,irmã gêmea da arte, por que somente a vida, é pouca, curta, imperfeita...
               O poeta vive outro estado de espírito, onde é feliz...os homens sem poesia se matam vez em quando,e sua perspectiva é enfadonha e monótona, são destituídos de esperança...
               Chega colírio de aguarrás,conseguistes transformar um poeta num neurótico...tenho me embriagado de medo...de ansiedade...de angústia...
               Sofro por que sou diferente, e muito feliz por que sou impar...eu não vou por aí...
               Entre a calmaria, prefiro a tempestade...onde  se encontra a vida, o prazer...o dilúvio da alma, a estação do amor....
               Hoje,pesco a felicidade nos meus delírios...
              tenho a sensação de plenitude nos meu deserto,povoado de toas as emoções,o grande elixir da alma...
               Vivo do breu, me ofusca a sua claridade, por que tem luz própria, sou primo do pirilampo...
          A música me alimenta a alma e de tudo que tem fome...me satisfaz de todos os desejos...sou complexo...questionável...maleável.dúctil...
          Pare de me lavar os horizontes com colírio de aguarrás,
eu resisti...eu venci...eu sou forte, e trago dentro de mim excessos de alegrias represadas...a minha alegria , tal qual o meu prazer , me é intísseca...é endógena...surpreende. e causa uma explosão vulcânica em quem dela compartilha e a deglute...

          Não sou ave que voa em bando...sigo a intelectualidade de Vinicius de moraes, mas sem deixar de mergulhar nas dúvidas bífidas de Fernado Pesoa. 

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