quarta-feira, 14 de outubro de 2020

QUEM NÃO TEM DINHEIRO FAZ DO CÚ CANDEEIRO...BERNARDO CELESTINO PIMENTEL

                ESTA FOI MAIS UMA MÁXIMA QUE APRENDI QUANDO CRIANÇAA, COM O FILÓFOFO NOVACRUZENSE: PAULO BEZERRA...




               HOJE AO LER ESTE TEXTO, VEIO O ME A MENTE A VERDADE DE TIO PAULO E A LEMBRANÇA DA MINHA INFÃNCIA...



O Hotel Majestic colocou Mario Quintana no olho da rua.

A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.
Mario está só. Encontrava o império dos homens sem sentimentos.
O porteiro joga um agasalho que tinha ficado no quarto.
“Toma, velho!”
Mario recita ao porteiro: A poesia não se entrega a quem a define.
Mario estava só.
Cadê os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião.
Paulo Roberto Falcão soubera do acontecido.
Chega em frente ao hotel e observa aquela cena absurda, triste.
Estaciona e caminha até o poeta com as malas na calçada.
“Sr. Quintana, o que está acontecendo?”
Mario ergue os olhos e enxuga uma lágrima, destas que insistem em povoar os olhos dos poetas.
Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor.
Ninguém vive de comer poesia.
Mario lhe explica que o dinheiro acabou.
Está desempregado, sem família, sem amigos, sem emprego.
Restaram apenas essas malas nas ruas de Porto Alegre.
Mario observa Falcão colocando suas malas dentro do carro em silencio.
E em silencio, Falcão abre a porta para Mario e o convida a sentar.
No silencio de duas almas na tarde fria de Porto Alegre o carro ruma na direção do infinito.
Falcão para o carro no Hotel Royal, desce as malas, chama o gerente e lhe diz:
“O Sr. Mario agora é meu hóspede!”
“Por quanto tempo, Sr. Falcão?”
Falcão observa o olhar tímido e surpreso do poeta e enquanto o abraça comovido, responde:
“Por toda a eternidade”.
O poeta faleceu em 1994. Esta história é linda, o Falcão na época jogava no Roma, tava fazendo fortuna, tinha comprado um Hotel 3 estrelas no Centro de P. Alegre, o Royal.
Além de hospedar gratuitamente o M. Quintana, o Falcão não permitia que fossem cobradas as refeições.
O M. Quintana tinha sido despedido do Jornal Zero Hora, estava sem emprego, sem dinheiro e doente.
Após a morte do M. Quintana, o Falcão conseguiu que o governo gaúcho comprasse o antigo Hotel Majestic, e o Falcão, junto com empresários amigos, bancou a reforma do Majestic e o transformou na Casa de Cultura Mário Quintana.
(Falcão já tinha a minha admiração como craque de futebol que ele foi e que sempre será. Agora ele tem o meu perpétuo respeito! Emmanoel Lundberg)

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