FRASES E REFLEXÕES DE GUIMARÃES ROSA
POR ARISTEU BEZERRA...
“Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.”
“Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.”
“Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.”
“O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra de montão.”
“A vida é feita de poucas certezas e muitos dar-se um jeito.”
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarrumado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
“Qual o caminho da gente? Nem para frente nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Viver… o senhor já sabe: viver é etcétera .”
“O fato se dissolve. As lembranças são outras distâncias. Eram coisas que paravam já, à beira de um grande sono. A gente cresce sempre, sem saber para onde. “
“O rio não que chegar a lugar algum, só quer ser mais profundo.”
“Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. “
“Significa que posso não ter muito conhecimento e/ou experiência, porém desconfio de como as coisas sucedem já que possuo imaginação.”
“A gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesmo nunca se deve tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.”
“A culpa minha, maior, é meu costume de curiosidade de coração. Isso de estimar os outros, muito ligeiro, defeito esse que me entorpece.”
” Tem trechos em que a vida amolece a gente, tanto, que até referver de mau desejo, no meio da quebradeira serve como benefício.”
“Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir.”
“Até hoje, para não se entender a vida, o que de melhor se achou foram os relógios. É contra eles, também, que temos que lutar…”
“O homem nasceu para aprender, aprender tanto quanto a vida lhe permita.”
“Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o que é viver mesmo… Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa… O mais difícil não é ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
“A história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.”
“A vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia ser como sala de teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho.”
Guimarães Rosa (1908-1967) foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo, além de ter seguido a carreira de diplomata e médico. Foi o o terceiro ocupante da cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1967. Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ocorreram quase todos nos chamados sertão brasileiro. A sua obra destaca-se pelas inovações de um palavreado popular e regional que, adicionado à erudição do autor, permitiu a criação de vários vocábulos.
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