quarta-feira, 12 de outubro de 2011

VATES DO POVO...

Bernardo celestino Pimentel.

Eu vi a moça pela fresta da janela,
eu vi a rosa e o cheiro dela,
fazer o bicho pegar...
Saí contente,
tomei banho na biqueira,
eu amo a vida a vida inteira,
e gosto muito de cantar...



Zé Fernandes

A sêca seca primeiro
Os depósitos cristalinos
Depois seca as esperanças
De milhões de peregrinos
Mas bota enchente de lágrimas
Nos olhos dos nordestinos.
* * *
Arnaldo Pessoa

As flores do Pajeú
Eram os improvisadores
Muitos desapareceram
Mas deixaram sucessores
Eu sou o fruto mais novo
Da árvore dos cantadores.
* * *
Noel Calixto

Alagoas tem Quilombo
Belas praias, tem coqueiro
Berço de Apolônio Belo
E de Vicente Granjeiro
Famosa nas duas coisas
Marechais e violeiro.
* * *
João Paraibano

Cai a chuva no telhado,
a dona pega e coloca
uma lata na goteira,
onde a água faz barroca:
cada pingo é um baião
que o fundo da lata toca.
*
Quando esbalda o nevoeiro,
rasga-se a nuvem, a água rola,
um sapo vomita espuma;
onde o boi passa se atola,
e a fartura esconde o saco
que a fome pedia esmola.
*
Linda é a baixa de arroz
quando está amarelando;
uma vara em pé no meio
com um molambo balançando,
pros passarinhos pensarem
que tem gente tocaiando.
*
A cabra abana as orelhas
para espantar o mosquito,
e se acocora lambendo
os cabelos do cabrito,
depois vai olhar de longe
pra ver se ficou bonito!
*
Vive o povo insatisfeito
sem escutar sua voz.
Jesus também foi um líder
Sem ter coração algoz;
Não deu um voto na urna,
Mas deu a vida por nós
* * *
Louro Branco

Amo meus pais como prova
Porque são meus genitores
Mamãe na cova sem dores
Papai com dores sem cova
Mamãe morreu muito nova
Papai ficou sem aquela
Hoje a casa dele e dela
Não é dela e nem é dele
Mamãe na cova sem ele
Papai na casa sem ela.
* * *
Job Patriota

O meu prazer foi extinto
Hoje no meu pensamento
Passam como passa o vento
As alegrias que eu sinto
Fiz do mundo um labirinto
E saí em busca do amor
Encontrei um dissabor
Me oferecendo agonias
Porque minhas alegrias
São intervalos da dor
* * *
Dedé Monteiro

Uma cruz faz lembrar o Rei da Glória
Trucidado por nossa incompetência
Uma história relembra uma existência
Com momentos de perda e de vitória
Uma estrada que além da própria história
Conta a vida da gente antepassada
Por quem passa precisa ser lembrada
Pois a estrada é a mãe do movimento
Não merecem ficar no esquecimento
Uma cruz, uma história e uma estrada.
* * *
Lino Pedra Azul

Meu povo, quando eu morrer,
coloquem no meu caixão
meu uniforme de couro,
meu guarda-peito e gibão
com um bonito retrato
do meu cavalo alazão.
Não se esqueçam de botar
as esporas e o chapéu
com um retrato do cavalo
que sempre me foi fiel,
que é p’reu correr com São Pedro
nas cavalhadas do céu.

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