terça-feira, 1 de setembro de 2015

A POESIA DE DRUMOND...

 Carlos Drummond de Andrade
drummond
Solilóquio da renúncia
Volto pelos caminhos
À procura de mim
Que de mim se perdera
Ao me sentir governo.
Governar, que doidice,
Afrouxelado cárcere
De insônias e cuidados.
Que vale, policiar
o interesse dos homens,
puni-los ou premiá-los,
se do poder, escravo
se tornou Sancho, o livre
lavrador de outros tempos,
que em seu boi, seu rafeiro,
suas roças meninas
e tudo que cabia
num alqueire de terra
fundara seu império
e nele
governava a si mesmo ?
Pelos caminhos volto
à procura de Sancho
saber-me, conferir-me
como dobrado prazer.

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