segunda-feira, 29 de agosto de 2016

LUGAR DE COBRA É NO CHÃO...UMA LETRA MAIS QUE ATUAL...

POESIA...

OS PARCEIROS – Mário Quintana

Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste…
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro… eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce…
Como também disfarce é a minha vida!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

UMA SÚMULA DA VIDA...

FOTO DE LINDALVA ANDRADE BEZERRA.


Escrito por Regina Brett, 90 anos de idade, assina uma coluna no The Plain Dealer, Cleveland, Ohio.
“Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi.
Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate…É inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado…Assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo…Você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida…Não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você..
26. Enquadre todos os assim chamados “desastres” com estas palavras ‘Em cinco anos, isto importará?’
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo..
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa — morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...



COISAS DA VIDA
MISÉRIA
(Por Violante Pimentel)


               Dona Miséria, uma senhora de oitenta anos, morava sozinha num casebre de taipa, coberto de palha de coqueiro. Vivia na mais completa pobreza. Seu maior bem era uma mangueira, que ela mesma havia plantado, e que lhe garantia alimentação. Entretanto, a mangueira lhe causava muitos aborrecimentos, pois, diariamente, era assaltada pelos moleques da redondeza. As mangas eram sempre furtadas, e não adiantavam as reclamações da mulher.
               Certa noite, quando chovia muito, parou à porta do casebre de dona Miséria um homem maltrapilho, que lhe pediu abrigo até o amanhecer. A senhora, que tinha um grande coração, deu-lhe sua manta para que se cobrisse e o único pão que garantiria sua fome, dividiu com ele. Quando o dia amanheceu, o caminhante despediu-se de dona Miséria e, para sua surpresa, perguntou-lhe qual era o seu maior desejo. Queria recompensá-la pela acolhida. A mulher, sentindo-se diante de um gênio, falou:
               - O meu maior desejo é ver os ladrões das minhas mangas ficarem presos na mangueira, só podendo descer com a minha ordem.
- Será cumprido o seu desejo" - disse o caminhante.
               Ignorando o dom que dona Miséria recebera do gênio, os garotos, como faziam diariamente, logo cedo atacaram a mangueira, mas tiveram o dissabor de não poder descer. Dona Miséria ouviu o choro deles, que aflitos lhe pediam ajuda. Juravam que nunca mais viriam furtar suas mangas. O castigo serviu-lhes de lição.
Depois que os meninos desceram da mangueira, sob as ordens de dona Miséria, eis que chegou à porta outro caminhante, com aspecto sinistro e asqueroso, vestido de preto e trazendo uma foice debaixo do braço.

               Dona Miséria perguntou-lhe o que queria. O homem respondeu com arrogância:
- Sou a Morte. Vim buscar você, e estou com pressa...
- Por que tão de repente? Deixe que eu viva mais alguns anos! - implorou dona Miséria.
- Não pode ser... Sua hora chegou... - respondeu o assombroso andarilho.
- Pelo menos me deixe saborear algumas frutas da minha mangueira!
- Apenas isso vou conceder. Também quero saborear essas frutas - disse o indesejável visitante.
Confiando no dom que lhe dera o gênio, a quem acolhera naquela noite chuvosa, a mulher pediu:
- Quero que me faça a caridade de subir à mangueira e colher as mangas!
A Morte subiu, mas a senhora, usando o dom que recebera, disse logo:
- Fique aí em cima, até que eu lhe ordene que desça!
A Morte ficou presa na mangueira, durante vários dias. Nesse espaço de tempo, não morreu ninguém no lugarejo. O médico, o dono da farmácia, o dono da funerária e o padre andavam tristes com o que estava acontecendo. A Morte implorou a dona Miséria para que a deixasse descer da mangueira. Prometeu-lhe, então, que lhe pouparia a vida. E cumpriu com a sua palavra.
               A Miséria nunca morreu. Enquanto o mundo for mundo, a Miséria sempre existirá, como uma praga da humanidade.

A POESIA DE ANA LIMA PIMENTEL...



UM CANTOR ALADO – Anna Lima


Quando o sol alviçareiro
Emerge à flor do levante,
Elle trina prazenteiro
Um gorgeio inebriante.
N’uma alegria infinita,
Cantando estrophes amenas,
Alviçareiro saltita,
Orvalhando as louras pennas.
Quando a brisa matutina
Oscula as flores do prado,
Elle solta a chrystallina
Voz de seu ledo trinado.
Para o delicado ninho,
Ess’ave, affavel e meiga,
Traz no seu curvo biquinho
Um ramo verde da veiga.
Ei-lo em prazer dulçoroso
Trinando psalmos de amor,
Pelo rebento mimoso
Das laranjeiras em flor.
Um terno e magico encanto
Em meu ser todo se aninha,
Quando ouço o terno canto
D’essa mimosa avezinha.
E enquanto em flores remanso
Trina esse alado cantor,
Feliz minh’alma, de manso
Gorgeia a estrophe do Amor.
Açú – 1899

AS BRAVATAS DO CHE GUEVARA...




               Aqui um arrazoado da grande sabedoria do grande filósofo Che Guevara.
Humanista humanista e bondoso participante da revolução do proletariado de Cuba.
1. “Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”
2. “O ódio cego contra o inimigo cria um impulso forte que quebra as fronteiras de naturais das limitações humanas, transformando o soldado em uma eficaz máquina de matar, seletiva e fria. Um povo sem ódio não pode triunfar contra o adversário. “
3. “Para mandar homens para o pelotão de fuzilamento, não é necessário nenhuma prova judicial … Estes procedimentos são um detalhe arcaico burguês. Esta é uma revolução!”
4. “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!”
5. “Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo … eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar. “
6. “Se qualquer pessoa tem qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, para mim é bom o suficiente matá-la.”
7. Che queria que o resultado da crise dos mísseis em Cuba fosse uma guerra atômica. “O que nós afirmamos é que devemos proceder ao longo do caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vítimas atômicas”.
8. “Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.”
9. “Deixe-me dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”
10. “É muito triste não ter amigos, mas é ainda mais triste não ter inimigos.”

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

UM POEMA DE ANA LIMA PIMENTEL MUSICADO POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL, O NETO...

A POESIA DE ANA LIMA PIMENTEL...

UM CANTOR ALADO – Anna Lima

Quando o sol alviçareiro
Emerge à flor do levante,
Elle trina prazenteiro
Um gorgeio inebriante.
N’uma alegria infinita,
Cantando estrophes amenas,
Alviçareiro saltita,
Orvalhando as louras pennas.
Quando a brisa matutina
Oscula as flores do prado,
Elle solta a chrystallina
Voz de seu ledo trinado.
Para o delicado ninho,
Ess’ave, affavel e meiga,
Traz no seu curvo biquinho
Um ramo verde da veiga.
Ei-lo em prazer dulçoroso
Trinando psalmos de amor,
Pelo rebento mimoso
Das laranjeiras em flor.
Um terno e magico encanto
Em meu ser todo se aninha,
Quando ouço o terno canto
D’essa mimosa avezinha.
E enquanto em flores remanso
Trina esse alado cantor,
Feliz minh’alma, de manso
Gorgeia a estrophe do Amor.
Açú – 1899

A POESIA DE PORTUGAL...

ENQUANTO TO PERMITE A MOCIDADE – Abade de Jazente

Enquanto to permite a mocidade, 
Teu Pai disfarça, tua Mãe consente, 
E enquanto, Nize, a moda o não desmente 
Nos brincos gasta a flor da tua idade.
Joga, dança, conversa, e a variedade, 
Que causa tanta prenda, assombre a gente; 
Deixa-te ver, que o Século presente 
Hoje chama ao pudor rusticidade.
Os corações de quem te aplaude enlaça: 
desfruta o tempo: e tem por aforismo 
Que o gosto é fugitivo, a sorte escassa
Engolfa-te de amor no doce abismo; 
Busca o prazer; a vida alegre passa; 
Logra-te enfim; que o mais é fanatismo.

SE EU QUISER FALAR COM DEUS...

O Endereço de DEUS!

ONDE ESTÁ DEUS?

Francisco Itaerço

Onde está Deus? Pergunta o cientista,
Ninguém o viu jamais. Quem Ele é?
Responde às pressas o naturalista.
Deus só pode ser uma invenção da fé!

O pensador disse, sensatamente:
–Não vejo Deus, mas sinto que Ele existe!
A natureza mostra real e claramente
Em que o poder do Criador consiste.

Já o poeta disse, com segurança.
De quem afirma porque tem certeza:
–Eu vejo Deus no riso de uma criança,
No Céu, no Mar, na luz, na natureza…

Contemplo Deus brilhando nas estrelas
No olhar das mães fitando os filhos seus,
Nas noites de luar claras e belas,
Em tudo que pulsa está o coração de Deus!

Eu vejo Deus nas flores e nos prados,
Nos astros a girar pelo infinito,
Escuto Deus na voz dos namorados,
E sinto Deus nas lágrimas dos aflitos!

Percebo Deus naquele que perdoa,
Contemplo Deus na mão que acaricia,
Eu vejo Deus na criatura boa,
Sinto Deus na paz e na alegria!

Eu vejo Deus nos médicos salvando,
Pressinto Deus na dor que nos irmana,
Descubro Deus no sábio procurando
Compreender a natureza humana!

Eu vejo Deus no gesto de bondade,
Escuto Deus nos cânticos dos crentes,
Percebo Deus no sol da liberdade,
Vejo Deus na planta e na semente!

Eu vejo Deus enfim, por toda parte,
Tudo me fala dos poderes Seus,
Descubro Deus na expressão da arte,
No amor dos homens também sinto Deus!

Mas onde sinto Deus com mais beleza,
Na sua mais sublime vibração,
Não é no Céu, nem na natureza,
É dentro do meu próprio coração.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O HOMEM VELHO É O REI DOS ANIMAIS...




  
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morte para trás

A POESIA DE CARLOS PENA FILHO...

 Os Interesses Perdidos.

“Sem ter chegado a parte alguma, espia
Os interesses que perdeu na viagem.
E sem ter mais nenhum, tarde confia:
É mais leve o viajante sem bagagem.
Deserto, sem caminho e sem linguagem,
Sem a lembrança até que outrora havia,
Nem sabe se existiu, quando existia,
Ou se era a parte morta da paisagem.
Muito tem de perder, mas não tem nada,
Por isso é tempo de ir adquirindo,
Pra não entregar a alma endividada.”

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A POESIA DE VINICIUS DE MORAES...



A MULHER QUE PASSA



Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

VATES POPULARES...


Pinto do Monteiro
Vou construir uma casa
junto ao rio Parnaíba,
de frente pra Pernambuco,
de costas pra a Paraíba,
só pra não ver duas coisas:
São Tomé e João Furiba.
Zé da Prata
A moça quando se casa,
Todo castigo merece
Troca pai e troca mãe
Por alguém que mal conhece
E fica na obrigação
De amolecer um cambão
Toda vez que endurece.
Cego Oliveira
Poeta Zé Mergulhão
Você procure a defesa,
Eu lhe dou a explicação
Com toda delicadeza,
Eu com a rabeca na mão,
Eu canto por precisão
E você por sem-vergonheza.
Essa minha rabequinha
É meus pés, é minha mão
É minha roça de mandioca,
É minha farinha, o meu feijão,
É minha safra de algodão,
Dela eu faço profissão
Por não poder trabalhar,
Mas ao padre fui perguntar
Se cantar fazia mal.
Ele me disse: Oliveira,
Pode cantar bem na praça,
Porém se cantar de graça
Cai em pecado mortal..
Antonio Marinho
Parece que não gostou
Nobre doutor Edmundo,
Que é o doutor mais feio
Que eu já vi neste mundo,
Que o fundo parece a cara
E a cara parece o fundo.
Valdir Correia
Cantador que cruzar o meu caminho
Se arrisca a sofrer passar vergonha
Ele sofre, peleja, mas não sonha
Cantar grande igualmente Canhotinho
Vai buscar Lourival, Antônio Marinho
Vai andar como Cristo Galileu
E me mostre um poeta que venceu
Que duvido cantando me vencer
Cantador que pensar em me bater
Se arrisca a apanhar mais do que eu.
Valdir Teles e Fenelon Dantas
Valdir Teles:
Meu colega nasceu com vocação
Pra viver de caçada e pescaria
Cortar lenha de foice e fazer cerca
Mexer barro em cerâmica e olaria
Cozinhar varrer chão lavar banheiro
Só não pode é viver de cantoria.
Fenelon Dantas:
Companheiro viver de poesia
Tem que ter competência pra viver
Fazer versos sabendo dos quesitos
Você tá fazendo sem saber
Quer vender a viola diga o preço
Vá caçar outra coisa pra fazer.
Severino Ferreira
Eu também lembro a infância
Meu tempo de meninice
A fase da mocidade
O período da meiguice
Mas tudo está se passando
Aos poucos vou mergulhando
No caldeirão da velhice.
Aonde fui habitante
O destino me levou
Vi a casa destelhada
A porta o vento quebrou
Só com lixo na biqueira
Ainda vi a caveira
De um boi que a seca matou.

domingo, 14 de agosto de 2016

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO...

Cronobiografia Feminina


1 aos 5 anos: A mulher não tem a mínima idéia do que ela seja..
5 aos 10 anos: Sabe que é diferente dos meninos, mas não entende porquê.
10 aos 15 anos: Sabe exatamente por que é diferente, e começa a tirar proveito disso.
25 aos 30 anos: Nessa fase formam 5 grupos distintos:
G1 As que casaram por dinheiro
G2 As que casaram por amor
G3 As que não casaram
G4 As que simplesmente casaram
G5 As inteligentes
G1: descobrem que dinheiro não é tudo na vida, sentem falta de uma paixão..
G2: descobrem que paixão não é tudo na vida, sentem falta do dinheiro.
G3: não importa o dinheiro e a paixão, sentem falta mesmo é de um homem .
G4: não entendem por que casaram.
G5: descobrem que ter inteligência não é tudo na vida.
30 aos 35 anos: Sabe exatamente onde errou e tinge o cabelo de loiro. Vai para academia.
35 aos 40 anos: Procura ajuda espiritual.
40 aos 45 anos: Abandona a ajuda espiritual e procura ajuda médica, com analistas e cirurgiões plásticos.
45 aos 50 anos: Graças aos cirurgiões sua bunda e barriga voltaram ao normal, seus peitos ficaram melhores do que eram e explode uma paixão pelo seu analista.
Após os 50 anos: FINALMENTE SE DESCOBRE, SE ACEITA E COMEÇA A VIVER !!!!
Mas, aí vêm a osteoporose e o reumatismo e aí lasca tudo.
Luiz Fernando Veríssimo

sexta-feira, 12 de agosto de 2016



O CHATO ESSENCIAL OU O ESSENCIALMENTE CHATO...



PRETENDO VIVER O RESTANTE DA VIDA, MORANDO EM CASA... COM JARDIM, FLORES,CACHORROS, SONS ALTOS E QUINTAL, PARA SE URINAR NOS FERIADOS...

VOCÊ JÁ AMANHECEU NUM FERIADO, ACORDOU TARDE E URINOU BEM RELAXADO NO PÉ DE UMA MANGUEIRA...? você chega a encontrar a sua alma, de tanta tranquilidade.

TEMO IR MORAR NUM APARTAMENTO E SER VIZINHO DE UM CHATO ESSENCIAL... UM INTOLERANTE...QUE SÓ APARECE SE FIZER CONFUSÃO ... O chato essencial existe...é uma realidade...as vezes dá um Show no caixa do supermercado, humilha a caixa indefesa, ele só aparece se fizer confusão... Santa Bárbara... AONDE ESTE FILHO DA PUTA ESTIVER, EU O ENFRENTO...SOU TOLERANTE, E ISTO É UMA VIRTUDE, SÓ VIRO RADICAL DIANTE DO RADICALISMO... QUANDO MOREI EM EDIFÍCIO, acordei um dia com o bedeu cortando uma árvore centenária... perguntei por que? de onde veio esta ordem? o sr chato essencial decretou a morte da árvore, pois ela tem um cupim, e este cupim pode danificar o elevador, e o chão do elevador cair... Me debrucei na sacada e gritei: isto só pode ter sido uma ordem de uma cabeça cheia de merda.

Peço a Deus todo dia...me livra senhor do chato essencial...triste de quem é vizinho de um chato essencial, o que não é o meu caso... meus vizinhos valem ouro e eu os adoro.
post script: o chato essencial termina enfartando...é uma questão de tempo...pode anotar.
certa vez, quando era doutorando, presenciei um chato essencial, repreender uma mãe meia hora, por que ela tinha ido pedir uma receita de gardenal no pronto socorro... temia que seu filhinho tivesse uma convulsão... ele discursou meia hora, e não resolveu um problema grande para uma mãe, que teria resolvido em um minuto... o referido chato essencial, hoje está está com rodovia nova, entenda se :PONTE DE SAFENA...
...eu já sabia...

DE QUANDO ACREDITAVA NAS APARENCIAS...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

          Cresci certo que João de Fabiana era poduto de um chifre que sua mãe tinha colocado em Ferrão, seu esposo...
          João de Fabiana era a cara de Biruta...semelhante, igual fisicamente, nos gestos e nas atitudes...a mesma química e a mesma mímica, sem dele ser nem parente nem aderente...ele não tinha nada de Ferrão, nem uma unha...
          João era tão parecido com Biruta, que o filósofo da cidade vivia a repetir:
          Uma semelhança desta só se faz com espermatozóide...
          A medida que João de Fabiana crescia,  mais parecido com Biruta ficava...
          João de Fabiana era Biruta mais novo...
          Fabiana era comentada nas pequenas rodas como a mulher que um dia, traíra o esposo...
          Um dia  fui a Campina Grande e fiz umas compras...achei o vendedor também, a cara de João de Fabiana...
          O VENDEDOR, agradecido pelas compras, solícito, gentil, educado, começou a conversar amenidades...perguntou de onde eu era...eu de pronto respondí:
          sou de Nova Cruz, no Rio grande do Norte...
         ELE afirmou:COINCIDENCIA...EU TENHO UM IRMÃO QUE MORA LÁ, MAS FAZ MAIS DE TRINTA ANOS QUE EU NÃO O VEJO...
          EU PERGUNTEI, QUEM É O SEU IRMÃO?
          ELE RESPONDEU: FERRÃO...PORTANTO ELE ERA TIO DE JOÃO  FURIBA...AÍ ERA QUE A SEMELHANÇA ERA MAIOR...UM ERA UMA XEROX DO OUTRO...
          Me lembrei de Voltaire:
          Ninguém tem mais cara de culpado do que o inocente...
          Hoje penso setenta vezes sete, antes de fazer um mal juízo...e sigo a ordem de Jesus Cristo, que um dia respondeu a um discípulo:
               Mestre, quantas vezes devemos perdoar?
               Jesus respondeu:
          setenta vezes sete.

HERMENEUTICA: A ARTE DE INTERPRETAR...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

               CERTA vez,escutei no programa Memória Viva, o Dr. Mário Moacir Porto dizer  a seguinte frase:
          Ninguém tem mais cara de culpado do que o inocente...
          Fiquei extasiado com esta primícia...um verdadeiro  axioma...
          Depois descobri que esta frase era de Voltaire, o grande mestre de Dr. Murilo Delgado,que o lia diariamente e sempre o citava nas suas peças jurídicas...
          Anos depois postei esta afirmativa no twitter, e e um intelectual jurista confrontou:
          Mas também, Ninguém tem mais cara de INOCENTE do que o CULPADO...friamente desdizendo o que eu afirmara...
               Eu retruquei:
          Esta frase só tem peso, humanitário, filosófico,poético e filosófico, no sentido que eu escrevi...
          A sentença parafraseada que vossa excelência citou, invertendo o sentido da compaixão, da reflexão,vulgarizando um pensamento nobre, tem valor ínfimo, chulo poeticamente e filosoficamente e  no ponto de vista humano e reflexivo...

          Na lógica tradicional, um axioma ou postulado é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada como óbvia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

ESCUTANDO IVO PITANGUY...



          Donna – Como enfrenta o envelhecimento?

          Pitanguy – Acho que envelhecer é uma glória reservada a poucos que têm esse privilegio. Quem não tem esse privilégio não vai saber o que é envelhecer.
           É evidente que você vai envelhecendo e tem que entender que o organismo vai sofrendo vários embates do tempo. Encaro o envelhecimento com a alegria de poder viver o presente. Tem pessoas que envelhecem menos bem, mas manter-se mentalmente lúcido já é uma grande dádiva.
           Eu, na minha idade, conversando com você e podendo responder, tendo a paciência de responder, isso me dá uma sensação de poder, de dominar a minha vida. O maior poder é você ter o sentido da alegria de viver. Até porque é uma burrice não ter, porque não existe outra opção.
Donna – Qual o segredo para manter o entusiasmo em qualquer idade?
           Pitanguy – Temos que dar a cada momento densidade e qualidade. Ter momentos agradáveis e prazer de revivê-los. Alguns momentos são mais difíceis, mas a gente acaba entendendo que nada é eterno, nem o bem-estar e nem o mal estar. 
          Acho muito importante festejar a vida, festejar o momento de vida. Isso tudo ajuda a viver e dá aos seus momentos uma dignidade, mas sem nostalgia, e sim com alegria de tê-los vivido. 

          O que precisa ser cobrado é a alegria da eterna juventude, e não a eterna juventude.

FERNANDO PESSOA...



Fernando Pessoa e seus heterônimos


          Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

          A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

          Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
          Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
               Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

          Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
          Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

          O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Ferna
ndo

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A BELEZA DA POESIA DE VINICIUS DE MORAES...A CORUJINHA


SOBRE O HOMEM DO FUTURO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

               Vi uma palestra do arquiteto Jaime Lerner,prefeito três vezes de Curitiba, considerado um administrador de primeira grandeza, moderno, preocupado com a ecologia e a mobilidade urbana.
               Lerner falou que o homem moderno devia seguir o exemplo da TARTARUGA:
          morar perto do trabalho e ter a mobilidade apenas necessária para viver...
               Considerou uma grande perda de tempo a energia  e os esforços sobrenaturais que muita gente dispende  para chegar ao trabalho...
               De que adianta um carro que corre 200 km por hora, se nas grandes cidades , nos engarrafamentos , se anda quase parando...
               No futuro, os carros particulares servirão apenas para os passeios, viagens,lazer...
               Os automóveis da cidade serão elétricos e sua velocidades será em torno de 25 km por hora...
               O dia a dia será o transporte público: metrô,VLT, trens, e o trabalho muito perto da residencia.

SOBRE A CANTORIA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL

               A CANTORIA nasceu na Paraíba...foi neste estado, exatamente na Serra dos Teixeira, onde surgiram os grandes repentistas, os cantadores, como os irmãos Batista: Dimas Batista,
Otacílio Batista, Lourival Batista,Ivanildo Vilanova...
               è paraibano também o Zé Limeira, cognominado de Poeta do absurdo,pelo verso maluco que colocava nos seus improvisos...
              Grande vate foi também Pinto do Monteiro, como ainda o é, Oliveira de Panelas.
               A Paraíba é um celeiro de vates populares.

          ZÉ LIMEIRA
(Teixeira, 1886 - 1954) foi o cordelista/repentista mais mitológico do Brasil. Era conhecido como "Poeta do Absurdo".


O meu nome é Zé Limeira
De Lima, Limão , Limansa
As estradas de São Bento
Bezerro de Vaca Mansa
Valha-me, Nossa Senhora
Ai que eu me lembrei agora:
Tão bombardeando a França

Ninguém faça pontaria
Onde o chumbo não alcança
E vou comprá quatro livro
Prá estudá leiturança
Bem que meu pai me dizia:
Jesus , José e Maria,
São João das Orelha mansa

Ainda não tinha visto
Beleza que nem a sua,
De cipó se faz balaio
A beleza continua
Sete-Estrelo, três Maria
Mãe do mato pai da lua

A beleza continua
De cipó se faz balaio
Padre-Nosso, Ave-Maria,
Me pegue senão eu caio
Tá desgraçado o vivente
Que não reza o mês de maio

Sei quando Jesus nasceu,
Num dia de quinta-feira,
Eu fui uma testemunha
Sentado na cabeceira
São José chegou com um facho
De miolo de aroeira

Um dia o Reis Salamão
Dormiu de noite e de dia,
Convidou Napoleão
Pra cantá pilogamia
Viva a Princesa Isabé
Que já morô em Sumé
No tempo da monarquia

Zé Limeira quando canta
Estremece o Cariri
As estrêla trinca os dente
Leão chupa abacaxi
Com trinta dias depois
Estoura a guerra civí

A seguir o mais famosos dos textos do cordelista do absurdo:

O Marechal Floriano
Antes de entrar pra Marinha
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano
Foi vaqueiro vinte ano
Fora os dez que foi sargento
Nunca saiu do convento
Nem pra lavar a corveta
Pimenta só malagueta
Diz o Novo Testamento!

Pedro Álvares Cabral
Inventor do telefone
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento!
(...)

Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
“Tudo aquilo era boato”
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!